segunda-feira, 30 de abril de 2012

7 geleiras montanhosas que estão sumindo com o aquecimento global


Não são apenas as calotas polares que passam sufoco com o aquecimento do planeta. Segundo levantamento da ONG Co+Life, grandes picos terrestres que durante milênios estiveram cobertos de neve agora também derretem, deixando muita gente na mão.

Chacaltaya, na Bolívia

Nem a mais alta estação de esqui do mundo resiste às mudanças no clima. A mais de cinco mil metros de altura, as pistas de Chacaltaya, ao norte de La Paz, na Bolívia, sucumbiram ao derretimento do gelo e, durante o verão de 2009, o glaciar onde estava a instalada a estação praticamente desapareceu. Hoje, restam apenas 5% da geleira, com algumas incidências de neve, mas raras. Os cientistas haviam previsto seu desaparecimento para 2015, mas o aquecimento global acelerou o processo. De acordo com o levantamento da Co+Life, além de frustrar aventureiros, o sumiço da geleira comprometeu o abastecimento de água em algumas regiões da capital naquele ano.

Monte Tian Shan, Casaquistão

Aos pés do monte Tian Shan, encontra-se Almaty, a maior cidade da República do Casaquistão, com uma população de 1,3 milhões de pessoas. A região é uma locomotiva econômica, respondendo por 20% da produção industrial e 30% da agricultura do país. Todo o fornecimento de água para consumo, irrigação e uso industrial é garantido pelos glaciares a dois mil quilômetros ao norte, nas montanhas de Tian Shan. Nos últimos 50 anos, no entanto, os glaciares perderam cerca de 35% de sua cobertura devido a elevação das temperaturas – processo que deverá se intensificar nos próximos anos.

Parque Nacional de Sagarmatha

Localizado no Nepal, o Parque Nacional de Sagarmatha é parte das montanhas do Himalaia e tem o monte Everest, o maior pico do mundo, como sua atração principal. Considerado Patrimônio Mundial pela Unesco em 1979 devido às suas características naturais e culturais únicas, o parque concentra a maior quantidade de gelo terrestre do mundo, um volume superado apenas pelas massa dos Polos Sul e Norte. As geleiras da região são importante fonte de água para a população asiática, sendo vital para economia e subsistência das pessoas. O perigo do aquecimento global é constante e pode levar à extinção enormes pedaços das geleiras dos Himalaias, ameaçando o padrão de chuvas, o fluxo dos rios e a agricultura em toda a Ásia.

Alpes de Kitzbühel, Áustria

Um estudo sobre mudança climática nos Alpes europeus realizado pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômicos (OCDE) aponta que as famosas pistas de esqui podem estar com os dias contados por lá. A estimativa é de que 9% das estações já sofram com o aquecimento global. Uma da mais vulneráveis é a de Kitzbühel, na Áustria, cerca de 800 metros acima do nível do mar. Por falta de gelo, na última temporada de Natal, apenas 1/5 dos elevadores operaram e ainda foi necessário usar neve artificial para liberar o uso de algumas pistas.

Calota de Gelo de Quelccaya

Como a maioria dos glaciares da Terra, a maior calota tropical do mundo, a Quelccaya, nos Andes peruanos, já perdeu desde 1978 cerca de aproximadamente 20% da sua área. A estimativa dos cientistas é de que ela recua ao menos 4 metros todos os anos, dez vezes mais depressa do que a cinco décadas atrás, segundo estudo do Instituto de Politicas para a Terra.




Glaciar Franz Josef, Nova Zelândia

Ele desce de 3,5 mil metros até 240 metros acima do nível do mar no meio de uma floresta tropical. Seu nome popular, The Tears of Hinehukatere (As Lágrimas de Hinehukatere, no português) vem de uma antiga lenda local sobre uma menina que perde seu amado numa avalanche. Suas lágrimas correm então montanha abaixo e congelam, formando o glaciar. Como os demais montes gelados da Nova Zelândia, o Granz Josef sofre com o fenômeno do aquecimento global, que já reduziu 25% da área total dos Alpes.

Monte Chomolhari, Butão

Encravado entre a China e a Índia, o reino do Butão possui muitas montanhas e picos nevados, entre eles o Monte Chomolhari ou Jomolhari, com aproximadamente 7,3 mil metros de altura. O rápido derretimento do gelo que corre para os lagos nos vales é uma ameaça para as comunidades da região. Há o perigo das represas nos lagos romperem e causarem deslizamentos de terra e enchentes, destruindo assim vilarejos locais, mosteiros e plantações.



Dica do dia: lâmpada sustentável


Eco Light, a lâmpada de papel que não tem embalagem


A fim de reduzir a quantidade de resíduos gerados por lâmpadas convencionais e suas embalagens, o designer Tien-Ho Hsu criou uma nova ideia, ainda conceitual, que promete trazer uma solução para esse problema, a Eco light, uma lâmpada de papel.

A lâmpada não passa, na verdade, de um papel coberto por uma emulsão especial que brilha quando ligado à eletricidade. 

Esse projeto foi vencedor de um prêmio de design internacional em 2011. Eu, particularmente, adoro quando a minimização de embalagens e resíduos é contemplada e acho que esse é um grande pró da lâmpada, pois o produto é praticamente a embalagem.

Embora eu encoraje a ideia por trás do projeto de minimização de resíduos, há alguns pontos que ainda não ficaram bem claros e/ou devem ser trabalhados no conceito. O primeiro deles é se o brilho dessa lâmpada pode mesmo substituir o de uma lâmpada convencional e o segundo, considerando que temos lâmpadas agora que podem durar de 10 a 40 anos, dependendo da duração da lâmpada de papel (que também vai virar um resíduo depois de utilizada) pode ser que essa minimização no fim não compense.


Qual é a sua opinião?

DOCOL

domingo, 29 de abril de 2012

“A consciência ecológica e o respeito à natureza alcançaram a sociedade, mas não as autoridades brasileiras”


“O crescimento econômico desconectado do meio ambiente ainda continua sendo usado como argumento de redução da miséria. O Brasil se mantém numa posição em que crescer para sempre é a meta, sem agregar valores inerentes ao desenvolvimento com distribuição equânime de riquezas, o que nos confere fragilidade e insustentabilidade.” É com essa declaração que Telma Monteiro critica a atuação ambiental do Estado brasileiro nos últimos 20 anos, pós-Eco-92. Para ela, “a triste realidade que estamos vivendo nos biomas brasileiros e o aumento das emissões” demonstram que o Brasil não implementou quase nenhuma das propostas discutidas na Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, a qual buscou conciliar desenvolvimento econômico com conservação ambiental. “O governo continua defendendo interesses imediatistas desde Estocolmo, em 1972, e escolheu não fazer um controle eficaz da poluição, alegando que poderia reduzir o crescimento”, assinala.

Na entrevista que concedeu ao blog FLORESTA DO MEIO DO MUNDO por e-mail, após participar do “Ciclo de Palestras: Rio+20 – desafios e perspectivas”, no Instituto Humanitas Unisinos (IHU), Telma enfatiza que a Conferência Rio+20, que acontecerá de 20 a 22 de junho no Rio de Janeiro, talvez seja a última oportunidade de “respeitar os limites do crescimento e passar a adotar a consciência no lugar de afrontar a evolução natural da Terra”. Segundo ela, “o mandatário de uma nação tem obrigação de levar a sociedade à reflexão sobre os temas que comprovam o risco futuro da sobrevivência da vida no planeta, e não é concebível que ele (ou ela) menospreze todas essas contribuições atribuindo-lhes publicamente a pecha de “fantasias”, critica, referindo-se à declaração da presidente Dilma na semana passada. Ao se posicionar sobre a Rio+20, Dilma disse que “ninguém numa conferência dessas também aceita, me desculpem, discutir a fantasia. Ela não tem espaço para a fantasia. Não estou falando da utopia, essa pode ter, estou falando da fantasia”.

No dia 16 de maio, Telma Monteiro participará novamente do “Ciclo de Palestras: Rio+20 – desafios e perspectivas”, abordando o tema “Rio+20 e a questão da matriz energética brasileira”. O evento ocorrerá às 9h30, na Sala Ignacio Ellacuría e Companheiros, no IHU.
Telma Monteiro é especialista em análise de processos de licenciamento ambiental e pesquisadora independente.

Confira a entrevista:

FLORESTA DO MEIO DO MUNDO: Quando se iniciaram os principais acordos e conferências que culminaram com o surgimento de políticas ambientais no mundo?

TELMA MONTEIRO: Entendo que foi a partir de 1962, quando Rachel Carson produziu um estudo chamadoPrimavera Silenciosa, em que expôs a contaminação da cadeia alimentar por pesticidas, em especial o DDT, nos Estados Unidos. Foi a primeira vez que alguém teve a coragem de mostrar a necessidade de se respeitar os ecossistemas. Indiretamente ela criticava o modelo do desenvolvimento econômico que impunha alterações ao ambiente, como exterminar espécies de insetos ou plantas. Na verdade, isso levou a uma reflexão sobre o ser humano estar atropelando o processo natural, contaminando o ambiente e provocando sua vulnerabilidade.

FLORESTA DO MEIO DO MUNDO: Como avalia o desenvolvimento e o avanço das questões ambientais após a Eco-92? O que de fato mudou nesses 20 anos?

TELMA MONTEIRO: Na verdade, não entendo que tenha ocorrido avanço nas questões ambientais ou nas soluções e estratégias visando a chegar a um momento em que não será possível retornar. A obra Primavera Silenciosa, de Rachel Carson, é muito atual, e, depois de 50 anos, percebemos que nossas preocupações são as mesmas e que, embora o DDT tenha sido proibido, outros “DDTs” disfarçados, camuflados, continuam produzindo a destruição do planeta.

FLORESTA DO MEIO DO MUNDO: Poderia fazer uma síntese dos principais acordos e/ou conferências ambientais firmados no Brasil e no mundo? Quais os impactos desses acordos concretizados com a Rio+20?

TELMA MONTEIRO: Em 1968 se deu em Paris a Conferência Intergovernamental de Especialistas ou Conferência da Biosfera, em bases científicas, organizada pela Unesco. Ainda nesse mesmo ano foi constituído o Clube de Roma, formado por cientistas, políticos e industriais preocupados com os rumos do crescimento econômico e o uso crescente dos recursos naturais. O Clube de Roma produziu o relatório intitulado Os limites do crescimento, o qual foi elaborado por pesquisadores que mostraram que, em algum momento nos próximos cem anos, a Terra alcançaria um limite e haveria o declínio da capacidade industrial, econômica e social. Em 1972 tivemos a Conferência de Estocolmo em que foram discutidos os impactos do crescimento e do desenvolvimento sobre o meio ambiente e que culminou com a Declaração de Estocolmo. Este documento, com 26 princípios, mencionou pela primeira vez a proteção ambiental e o direito humano ao meio ambiente adequado. Em 1983, formou-se a Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, ou Comissão Brundtland, que se reuniu em 1987 na Noruega, que deu origem ao relatório Nosso destino comum, que, entre outras coisas, reconheceu a natureza global dos problemas ambientais. Foi nesse momento que se falou, pela primeira vez, em desenvolvimento sustentável. Em 1988, a Constituição Federal do Brasil inseriu o Artigo 225 que versa sobre meio ambiente. Finalmente, em 1992, o Rio de Janeiro sediou a Eco-92, evento em que participaram mais de cem países e que avaliou a Conferência de Estocolmo de 1972. Da Eco-92 saíram importantes acordos como a Convenção sobre o Clima, a Convenção sobre a Biodiversidade, a Carta da Terra e a famosa Agenda 21. Agora na Rio+20 pretende-se fazer um balanço dos resultados e realizações.

FLORESTA DO MEIO DO MUNDO: Quais as lições que o Brasil recebeu de acordos anteriores, como a Eco-92, e de que maneira estas iniciativas contribuíram positivamente para a diminuição dos problemas ambientais no Brasil e no mundo?

TELMA MONTEIRO: Não acredito que o Brasil tenha aprendido muitas lições, ou, se aprendeu, esqueceu nos últimos 20 anos, como mostra a triste realidade que estamos vivendo nos biomas brasileiros com o aumento das emissões. O governo continua defendendo interesses imediatistas desde Estocolmo, em 1972, e escolheu não fazer um controle eficaz da poluição, alegando que poderia reduzir o crescimento. O crescimento econômico desconectado do meio ambiente ainda continua sendo usado como argumento de redução da miséria. A proposta brasileira para redução da emissão de gases de efeito estufa foi pouco ambiciosa, numa clara demonstração, nesses 20 anos, de desconhecimento da responsabilidade que lhe cabe no aumento do aquecimento global. O Brasil se mantém numa posição em que crescer para sempre é a meta, sem agregar valores inerentes ao desenvolvimento com distribuição equânime de riquezas, o que nos confere fragilidade e insustentabilidade. Por exemplo, a meta dos governos, anterior e atual, é perseguir uma posição de destaque no mundo global, não como país preocupado com as mudanças climáticas e com o uso sustentável das riquezas naturais, mas priorizando o crescimento da economia a qualquer custo, como forma de aumentar o poder sobre as outras nações. A meta, então, é a superioridade hegemônica, é dar as cartas no jogo global.

FLORESTA DO MEIO DO MUNDO: Que exemplos o mundo recebeu com a Eco-92 e de que maneira erros e acertos podem ser revistos para o melhor desempenho da Rio+20?

TELMA MONTEIRO: Acredito que tenha chegado o momento mais esperado pela sociedade com relação à atitude de seus governantes: o de reconhecer que continuam errando e tentar mudar os rumos que, em algum momento da trajetória, foram alterados. Os erros foram se acumulando desde 1972, e na Eco-92 houve até um mea culpacoletivo, mas que não serviu para que os governos entendessem que a arrogância humana sobre a natureza só está mostrando quem é o mais forte. E não são os humanos! Talvez a Rio+20 seja nossa última oportunidade de recuar diante dessa força indomável, respeitar os limites do crescimento e passar a adotar a consciência no lugar de afrontar a evolução natural da Terra.

FLORESTA DO MEIO DO MUNDO: Gostaria de acrescentar algum aspecto não questionado?

TELMA MONTEIRO: A consciência ecológica e o respeito à natureza alcançaram a sociedade, mas não as autoridades brasileiras. Acredito que o grande avanço que tivemos em conscientizar a sociedade é frágil, pois ainda está vulnerável aos maus exemplos das elites políticas. A militância ambiental e social sofre a desqualificação de seus argumentos, dos estudos, das pesquisas que oferecem na busca de soluções. O mandatário de uma nação tem obrigação de levar a sociedade à reflexão sobre os temas que comprovam o risco futuro da sobrevivência da vida no planeta, e não é concebível que ele (ou ela) menospreze todas essas contribuições atribuindo-lhes publicamente a pecha de “fantasias”.

* Publicado originalmente no site IHU-Online.

sábado, 28 de abril de 2012

7 alimentos que podem sumir com o aquecimento global


Mudanças à vista – ou melhor, à mesa – espreitam nossos hábitos alimentares, dos mais cotidianos aos mais requintados. Confira sete alimentos que podem desaparecer nas próximas décadas devido à elevação da temperatura e de eventos climáticos extremos:

Chocolate? Só a preço de ouro

Um estudo do Centro Internacional de Agricultura Tropical (CIAT, na sigla em espanhol), na Colômbia, sugere que este produto milenar, se não for “extinto”, corre o risco de se tornar escasso em quatro décadas, tornando-se artigo de luxo com preço nada doce. A elevação de 2 a 3 graus Celsius na temperatura do planeta - o que segundo os cientistas, deve acontecer até 2050, se não forem mitigadas as emissões globais de CO2 – pode causar danos irreversíveis nas principais regiões de cultivo de cacau: Gana e Costa do Marfim, que juntos respondem por 2/3 da produção mundial do fruto. Encomendada pela fundação Bill & Melinda Gates, a pesquisa mostra que, para fugir do calor, os fazendeiros estão começando a cultivar cacau em maiores altitudes, porém bem mais frias e limitadas, o que exige tecnologias de plantio novas para garantir a adaptação.

Uísque

O maior produtor mundial de uísque, a Escócia, deverá sentir o impacto das mudanças climáticas na bebida que lhe rende não só fama mas receita vultosa - no ano passado, o país exportou cerca de 12 bilhões de reais em uísque. Há motivos para se preocupar. Estudo encomendado pelo governo escocês em 2011 levantou ricos potenciais associados ao aquecimento global e a bebida. Entre eles, o de que o suprimento e a qualidade de cereais, especialmente o malte, poderá sofrer, no futuro, com secas, enchentes em regiões produtoras costeiras e doenças na plantação. Temperaturas mais elevadas também poderão tornar menos eficiente o processo de produção e afetar a disponibilidade de água. Já nevascas intensas, muito frio e gelo tornarão mais constantes as interrupções operacionais e na cadeia de fornecimento.

Salmão

O aquecimento global põe em risco muitos animais marinhos, entre eles o salmão. A elevação das temperaturas oceânicas pode alterar o ciclo reprodutivo e o regime alimentar dessa iguaria subaquática. Segundo a associação americana National Wild Federation, a acidificação dos mares tem prejudicado a formação do casco de pequenos moluscos que servem de alimento para o salmão. Inundações também atrapalham a reprodução do animal, cujas ovas são arrastadas para longe dos leitos de desova. Ainda de acordo com a entidade, a baixa incidência de neve durante as estação do inverno diminui o fluxo de rios importantes para a reprodução do salmão.

Arroz

Cientistas descobriram que, ao longo dos últimos 25 anos, o rendimento das colheitas de arroz caiu entre 10% e 20% em alguns locais. Um estudo liderado por pesquisadores americanos com 227 propriedades rurais de seis importantes regiões produtoras, como Tailândia, Vietnã, Índia e China, relaciona a baixa no rendimento ao aumento das temperaturas ao longo da noite. A suspeita é de que as plantas de arroz estão gastando mais energia para respirar em noites quentes, o que afeta a capacidade de realizar fotossíntese. Nas Filipinas, por exemplo, um estudo de 2004 apontou que o rendimento das plantações caía 10% a cada aumento de 1° C na temperatura no período noturno.

Vinho Bordeaux

O aquecimento global também mostra com força suas garras em Bordeaux, na França, uma das regiões produtoras de vinhos de excelência mais antigas do mundo. Considerando o cenário mais pessimista, especialistas acreditam que as mudanças climáticas podem tornar a região inadequada para a atividade já em 2050. O impacto no setor preocupa: atualmente, os vinhos de Bordeaux respondem por um terço da produção total da bebida na França. Atentos à ameaça, muitos produtores estão optando por uvas geneticamente modificadas, mais resistentes à mudança de temperaturas, desde que se trate de uma diferença modesta.



Mel

Um fenômeno vem intrigando cientistas do mundo todo: o colapso de colônias de abelhas na Europa, América do Norte, África e Ásia. De acordo com um estudo do Departamento de Agricultura dos EUA, as colônias de produção de mel diminuíram de uma população de 5,5 milhões em 1950 para 2,5 milhões em 2007. Até o momento, o principal suspeito do sumiço das abelhas é o duo composto por poluição e o uso de defensivos agrícolas. Mas uma outra leva de cientistas também associa o fenômeno ao aquecimento do planeta, uma vez que mudanças extremas no clima afetam o padrão de floração na natureza e por consequência o comportamento das abelhas.

Café

Nem o celebrado cafezinho escapou. Nos últimos anos, a produção de alguns dos melhores grãos vem apresentando queda na Colômbia e em outras regiões produtoras da América Latina. Para crescer sãs e fortes, as plantações de café precisam de condições adequadas de temperatura, além de dias secos e chuvosos na medida. As mudanças bruscas no clima prejudicam, em muito, a colheita de bons grãos para a produção. Enquanto as chuvas fortes danificam as flores, o calor intenso torna propícia a proliferação de fungos danosos ao cultivo. Um estudo da Embrapa prevê que, se nada for feito para reduzir os efeitos do aquecimento global na agricultura, a produção de café no Brasil pode ter queda de 92% até o ano de 2100.

exame

sexta-feira, 27 de abril de 2012

6 tendências em negócios sustentáveis


Pesquisa da Ernst & Young em parceria com o grupo GreenBiz aponta os avanços e desafios socioambientais que estão pautando a agenda dos líderes empresariais.

Gerar valor para os acionistas e a sociedade, no longo prazo, reduzindo ao mínimo o impacto sobre o meio ambiente, é o fio condutor dos negócios sustentáveis. Mas não basta sair por aí dizendo que sua empresa está comprometida com esses valores. É necessário transparência e estratégia para colocar a sustentabilidade no centro da gestão.

No intuito de mapear as principais iniciativas empresariais na revolução verde – e também seus desafios – a Ernst & Young, em parceria com o grupo GreenBiz, entrevistou 272 executivos de empresas com faturamento acima de um bilhão de dólares em 24 setores. A análise das respostas indicou seis tendências que estão pautando os negócios sustentáveis e a agenda dos líderes. Confiram quais são elas:

1 - Ser verde gera vantagem competitiva

Um número crescente de grandes e médias empresas está empenhado em mudar a forma de fazer negócios. Prova disso é o aumento expressivo de publicações de Relatórios de Sustentabilidade, um dos instrumentos mais importantes para uma empresa prestar contas com a sociedade e o mercado a respeito de suas práticas socioambientais. Levantamento do site britânico CorporateRegister.com mostra que, em 1992, apenas 26 relatórios de sustentabilidade foram lançados contra 5.593 em 2010 - um crescimento superior a 20 mil por cento em menos de 20 anos. Além de crescer em número, os relatórios também estão chamando a atenção de investidores e acionistas. Segundo o estudo do GreenBiz, 66% das empresas pesquisadas disseram ter sentido maior interesse do mercado nessas publicações. As questões que mais despertam curiosidade dizem respeito aos programas de eficiência energética e de redução de emissões.

2 - Diretores financeiros estão “vestindo a camisa”

Segundo a Ernst & Young, os diretores financeiros estão se envolvendo mais nos processos de avaliação, gestão e elaboração dos relatórios de sustentabilidade. Um em cada seis (13%) entrevistados disseram que o CFO (sigla em inglês de Chief Financial Officer) está “muito envolvido” com as atividades socioambientais da companhia, enquanto 52% afirmaram que esse profissional participa "um pouco". Os entrevistados citaram a redução de custos operacionais (74%) e os riscos de gestão (61%) como dois dos três motores da agenda verde corporativa. O terceiro agente de transformação é o interesse e engajamento dos acionistas. Outra tendência emergente nos negócios que vai envolver ainda mais os CFOs na sustentabilidade é a integração dos relatórios empresariais, que junta as informações financeiras da companhia com dados socioambientais e de governança corporativa. O formato chamado GRI (Global Reporting Initiative) é capitaneado por um grupo com sede na Europa, o Comitê Internacional para Relatórios Integrados, ou IIRC na sigla em inglês. General Motors, Accenture, Santander e Natura são algumas das empresas que seguem as diretrizes da GRI.

3 - Funcionários ajudam a reforçar a ecotorcida

Contrariando o senso comum de que as iniciativas sustentáveis de uma empresa são sempre motivadas por pressões de investidores, ONGs e consumidores, o estudo da Ernst & Young aponta os funcionários como figura-chave. Eles foram citados como o segundo grupo que mais influencia as decisões “verdes” dentro das companhias, atrás apenas dos clientes e à frente dos acionistas, políticos e ONGs.A pesquisa também mostra que as empresas que distribuem seus relatórios de sustentabilidade entre os funcionários acreditam que eles geralmente compartilham as informações e projetos com seus familiares, amigos e possíveis fornecedores, ajudando assim a divulgar as iniciativas. No Brasil, um estudo específico voltado para a cadeia de suprimentos, realizado pelo Instituto Brasileiro de Supply Chain (Inbrasc), mostrou que 45% da demanda dos esforços em sustentabilidade nas empresas provem dos líderes, seguido da pressão dos clientes (29%) e das cobranças do governo (12%). A maioria dos entrevistados disse ainda que entre os motivos que direcionam os esforços verdes aparece, em primeiro lugar, a possibilidade de criar uma imagem positiva junto ao cliente, depois a chance de aumentar o valor da marca (67%) e, em terceiro, a oportunidade de reduzir custos (10%).

4 - Mudanças climáticas são dor de cabeça e oportunidade

As questões climáticas entraram para a lista de preocupações estratégicas de muitas empresas. Três quartos dos entrevistados disseram estabelecer metas de redução de emissões de gases efeito estufa, sendo que mais da metade admitiram reportá-las publicamente. Medir a pegada de carbono já conta como diferencial para uma empresa acessar mercados mais exigentes. Há cobrança também por parte da cadeia de abastecimento e de outros parceiros comerciais. O uso de água no processo produtivo é outra preocupação crescente das empresas, tendo em vista que todos os negócios, de uma forma ou de outra, dependem desse recurso finito. Segundo o estudo, 80% dos entrevistados acreditam que a gestão da água afetará os negócios nos próximos cinco anos. A boa notícia é que a maior parte dos líderes enxergam nesse processo mais oportunidades do que riscos.

5 - É bom ficar de olho na dívida ecológica

Pense só: em 2030, a classe média mundial deverá ser formada por 4,9 bilhões de pessoas, ávidas por consumir produtos e serviços. A demanda por bens, só desse grupo, poderá passar dos atuais 21 trilhões para 56 trilhões de dólares. O efeito direto sobre o meio ambiente será um só: o aumento da pressão sobre os recursos naturais. No universo corporativo, escassez de recursos naturais é sinônimo de riscos para o negócio. Segundo o levantamento da Ernst & Young, 76% dos entrevistados disseram temer que suas empresas sejam afetadas pela escassez de recursos naturais nos próximos cinco anos. Para não serem pegos desprevenidos, os empresários precisam se antecipar aos cenários mais difíceis e investir em soluções e processos que otimizem a produção de forma a reduzir a demanda e dependência desses recursos.

6 - E, claro, não descuidar do visual

Não tem escapatória: cada vez mais, as companhias terão que enfrentar uma enxurrada de questionamentos sobre a sustentabilidade que pregam. Segundo dados do Greenbiz, todos os anos as empresas recebem pelo menos 300 questionários “verdes” de clientes, grupos de investidores, ONGs, mídia, entre outas organizações. Alguns desses questionários resultam em rankings e classificações ou ainda abrem as portas para as empresas se inserirem em índices de ações de prestígio, como o Dow Jones Sustainability Index. Por isso, para os que já conquistaram reconhecimento, é sempre bom preservar a reputação "verde". E para os que ainda ignoram essas tendências, o melhor é apressar o passo para não se queimar no futuro.
    
exame

Os insetos mais venenosos do mundo


Alguns insetos são muito perigosos e possuem glândulas venenosas que podem até matar o ser humano ou provocar graves lesões. Todo o cuidado é pouco quando vamos por as mãos em qualquer lugar, ou andamos descalços, é preciso estar atento, pois existem insetos em todas as partes de nosso planeta. Uns auxiliam na manutenção da natureza com a polinização, outros não possuem veneno, mas podem transmitir doenças. Também existem aqueles que carregam consigo substâncias venenosas que podem levar o ser humano a morte. Na maioria dos casos, agem para se proteger, pois apresentam pequenas dimensões de tamanho e sentem-se ameaçados. Conheça abaixo, os insetos mais venenosos do mundo:

Lonomia obliqua

Essa espécie de taturana têm o corpo envolvido por pêlos espinhosos que liberam um veneno muito forte.  A secreção pode impedir o processo de coagulação sanguínea do indivíduo, causando hemorragias que podem lecar a vítima à morte. Este inseto é muito encontrado no Sul e Sudeste do Brasil, seu primeiro ataque ocorreu em 1989, na cidade de Passo Fundo. A única maneira de evitar que seu veneno se manifeste é através do soro antilonômico, produzido pelo Instituto Butantan.

Apis mellifera

Assim como outras abelhas, essa espécie de abelha age em bando quando se sente ameaçada. São muito perigosas, pois suas picadas causam irritações, inchaços, e quando o ser humano é picado excessivamente, o veneno do pequeno bichinho pode acarretar insuficiência renal e anemia aguda, sob risco de levar à morte, dependendo do número de ferroadas.

Vespa-mandarina

Encontrada especificamente no Japão, possui cerca de quinhentas subespécies, sendo que mais da metade são venenosas. É chamada também de Vespa Assassina de Iaques, chegando a medir até 50 milímetros.  Possui glândulas de veneno que podem matar os humanos, mais do que qualquer outro inseto peçonhento, pois através de sua ferroada são eliminadas substâncias tóxicas que afetam o sistema imunológico. A picada desses insetos podem causar várias reações, que dependem do organismo de cada indivíduo, mas se não forem tratadas rapidamente podem ocasionar  sérios problemas.

terça-feira, 24 de abril de 2012

A Questão Fundiária no Amapá


O Instituto Estadual de Meio Ambiente e Ordenamento Territorial do Amapá (Imap) realiza nesta quarta-feira, 25, a primeira reunião do Grupo Estadual de Acompanhamento e Controle Social de Regularização Fundiária e tem como objetivo discutir assuntos referentes ao desenvolvimento fundiário no Estado do Amapá.

Mesmo o Imap tendo o Sistema de Atendimento Ambiental e Fundiário (SAF), que possui duas ferramentas: portal do Imap e Programa de Monitoramento e Controle de Processo (PMCP) e contar com uma leva de novos funcionários públicos, todos tem visão diferente do que vem acontecendo na evolução fundiária e ambiental do Estado. Isso gera morosidade nas avaliações dos processos, pois além de cada setor entender de uma forma, o corpo de técnicos dentro do mesmo setor tem opiniões divergentes.

Para regularizar uma área no Amapá o Plano de Exploração Econômica - PEE - tem de passar por uma verdadeira banca examinadora, equivale a uma defesa de tese de Mestrado. Nessa transição quem perde é o produtor que não obtém evolução nas suas questões fundiárias. Paralelo a isso os bancos, com grande montante de fundos para o agronegócio não podem disponibilizar uma vez que as terras estão sem documentação.

Segundo Rogério Lopes Banin, em conversa com Camilo Capiberibe, sobre questionamentos e informações técnicas, notou que: “Como todo bom político, se mostrou sensibilizado com as dificuldades que estamos tendo para regularizar as áreas e nos tranquilizou dizendo que checaria com o presidente do Imap os fatos”. Questionou ainda: “Não conto muito com esta agilidade via alto escalão, mas sim com novos atrasos na emissão do título das propriedades, acarretando em nova perda de safra, pois as chuvas já começaram e os terrenos ainda estão sem preparo, na verdade estão sem sequer quaisquer cultivo”.

Os problemas fundiários no Amapá têm suas causas não na atualidade e sim, na história de sua ocupação. O Amapá é um dos mais novos Estados da Federação, entretanto seus problemas rurais são antigos e contribuem para um baixo nível de desenvolvimento rural, pois as raízes históricas refletem um modelo de gestão territorial empreendido sem a preocupação com a construção de um espaço social justo resultando em impactos sociais, econômicos, ambientais e culturais.

Os conflitos rurais no Amapá estão associados, em grande parte, ao desordenamento e ao uso que se fez do território, no espaço e no tempo, relacionados aos problemas históricos, econômicos, culturais e sociais do Brasil. Contudo, dentro de sua especificidade o Amapá demonstra ao longo dos seus anos, sob a exploração e a expropriação, resultados desastrosos onde os problemas da ocupação territorial, e a disputa pela terra se constituíram num grande problema social. O uso e o abuso do território se tornaram instrumentos de poder nas mãos das mineradoras, madeireiras, latifundiários e especuladores rurais. Esse processo alijou famílias que tinham na terra seus últimos recursos de auto sustentação: indígenas, ribeirinhos, seringueiros, coletores de castanhas e agricultores familiares se viram fadados a uma vida de abandono e miséria.

Pouca coisa foi feita no sentido de garantir e respeitar os direitos à posse da terra desses grupos humanos. As questões rurais no Amapá se associam num quadro de tensão social específico de uma área fronteiriça, em que o capital chegou tardiamente, entretanto, conseguindo dominar pontos estratégicos para exploração. A aparente acomodação e ausência de grandes registros conflituosos e de resistências no Amapá não expressam a dimensão do problema de ordenamento territorial, mas serviram de argumento para que muitos atores negassem o antagonismo existente entre as forças de controle territorial e os trabalhadores sem-terra ou com terras insuficientes para sua organização e sustentação.

No Amapá aconteceram choques menos patentes, mas também produtos do embate capital x trabalho e com características específicas, como no campo através da fazenda de gado, das madeireiras, dos projetos fracassados e/ou causadores de prejuízo à comunidade, até o caso de conflito entre os próprios posseiros, ou seja, as causas são necessariamente questões de terras, disputas territoriais, tendo como pano de fundo questões políticas, econômicas e socioambientais. Isso ocorre porque o direito à posse da terra depende de decisões políticas, assim como as condições de trabalho no campo; a garantia de venda da produção; a implantação de assentamentos agrícolas. Contudo, o nível de organização social influencia o grau de resultados políticos a serem obtidos. Por isso está claro que a solução para a problemática rural deverá vir por decisão política de tornar menos injusto o processo de acesso a terra com uma melhor organização espacial e ordenamento territorial mais eficazes, que não serão, apenas, doados pelos governos, mas conquistados pela organização da sociedade.

A Economia Verde e a Bioeconomia


A Economia Verde é entendida como a resultante em bem-estar humano e a equidade social, reduzindo significativos riscos ambientais e a escassez ecológica.

Na verdade, esta nova alternativa visa construir o cenário que permite operacionalizar os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio - ODM, com o objetivo de construir um acordo global para alcançar uma sociedade mais equitativa que atenda as aspirações do desenvolvimento do presente sem sacrificar os direitos e as oportunidades das gerações futuras. Este novo conceito, tem sua origem nas discussões realizadas imediatamente desenvolvimento sustentável e visa proporcionar um acordo global e inclusivo de todos setores da economia, a partir de uma perspectiva inclusiva no social, mas centrou-se nas questões ambientais.

A bioeconomia é uma parte específica da economia verde. É interpretado como uma oportunidade de lidar de forma consistente abordou a situação complexidade objetivos e acima desafios e, ao mesmo tempo, os recursos novos para energizar promover crescimento com equidade econômica e social. Conceitualmente, pode ser resumido como a aplicação de novos conhecimentos em ciências da vida, em um ambiente sustentável, produtos competitivos, de agregação de operações econômicas em uma sociedade que usa o valor latente em produtos e processos biológicos para capturar esses novos benefícios para os cidadãos e nações abraçando a produção de renováveis recursos biológicos e suas conversão de resíduos e fluxos em valor agregado, como alimentos, forragens, produtos biológicos e bioenergia.

Independentemente da ênfase colocada em alguns aspectos (na utilização de biomassa ou o papel da nova biologia) os denominadores comuns nas atividades é o uso mais eficiente dos recursos naturais e maior intensidade no uso do conhecimento em processos de produção. O pano de fundo que apoia esta proposta é captar a energia solar transformando-a em outras formas de energia e de produtos que continuem no caminho do desenvolvimento iniciado a partir do petróleo. Em outras palavras, é uma estratégia que visa enfrentar os desafios através do uso mais eficiente dos recursos naturais, capaz de fornecer ferramentas para atingir o social e o econômico (disponibilidade de alimentos, inclusão social, etc.) e substituir o uso de combustíveis fósseis por fontes renováveis.

Pensando em uma nova abordagem, permite reformular o bio tradicional: a dicotomia de relacionamento entre agricultura e indústria, resultantes das economias do desenvolvimento, com vínculos que vão além da produção tradicional de alimentos, liberação de procura de trabalho, para a atividade industrial. Pensando a partir de utilização de "recursos biológicos" (processos biológicos e biomassa), permite visão mais abrangente, onde as relações entre agricultura e outras atividades econômico se tornar muito mais denso e potencialmente excelência.

Em resumo, a economia verde deve ser entendida como um conceito de economia e inclui a bioeconomia, sendo o segmento responsável pela melhorar a utilização da biomassa e as oportunidades emergentes da nova biologia e ciências. Mas geralmente, a bio-economia é um dos componentes da economia verde, mais específica no que diz respeito aos recursos e processos biológicos.

As instâncias são estreitamente relacionadas e os termos de estratégias principais são a otimização do uso de energia e a substituição de fontes fósseis; no caso de bio, através do processo de aproveitamento biológico - inerente às plantas, principalmente para a transformação de energia solar. E a partir de sua captura, que institui as restantes cadeias, também têm sidos desenvolvidos com base na economia de combustíveis fósseis.

Neste cenário, há novas tecnologias com importância de ganho convencional, oportunidades estratégicas oferecidas em termos de novas opções para vencer os desafios apontados e ao estreitamento dos vínculos entre a agricultura e outras atividades econômicas. Neste sentido, a emergência da biotecnologia mostra como um dos componentes-chave do novo paradigma tecnológico, não só para mudar as funções de produção de um número de setores econômicos, mas também a taxa de produção da tecnologia em si, por exemplo, por aumentar a eficiência e a eficácia dos processos relacionados com o melhoramento de variedades de plantas, processos industriais e baseados em recursos de fontes biológicas, testes diagnósticos, etc. Este processo é agora completamente desenvolvido e novos atores e instituições (legal e regulatório) estão começando a aparecer, refletindo o impacto da produção científica e tecnológica no surgimento de novos padrões de mercado. A partir desta perspectiva, o desafio é inserir efetivamente o valor de mercado de recursos e processos biológicos.

Além da biotecnologia, há progresso na geração de cenários para a interação da nova tecnologia da informação, biologia e comunicação, para melhorar os resultados. Estes processos estão começando a perceber ao redor de seis caminhos de desenvolvimento, cada um dos quais é de relevância em situações e com respeito aos aspectos distintos, mas não são mutuamente exclusivos. Estes caminhos incluem:
  • A valorização da biodiversidade, permitindo a geração de novos produtos e aplicações, ao conseguir a conservação dos recursos de recuperação;
  • A intensificação ecológica a melhoria do desempenho ambiental da agricultura sem sacrificar os níveis de produtividade / produção;
  • O uso da biotecnologia, a capacidade da nova biologia para expandir fronteiras de produção, incluindo, mas além de OGM;
  • Biorrefinarias e bio como eixos para a produção de biocombustíveis e insumos para a indústria, mas, sobretudo, para fortalecer a expansão de espaços produtivos em áreas rurais;
  • Serviços ambientais e produtos que atingem a valorizar a integridade do ecossistema;
  • Melhorar a eficiência - entrada / saída - a cadeia de valor, minimizando perdas de produto ao longo da cadeia (que são estimados em um 30-50%) e, assim, conseguir uma maior eficiência na utilização dos recursos naturais.

O fator comum das trilhas propostas é o uso intensivo de conhecimento no contexto da bioeconomia. O aprofundamento envolve um aumento nas estratégias de crescimento e resolução dos desafios globais inicialmente, mas a sua orientação para os ODM envolvem ações ainda mais na sua integração direção a uma maior igualdade e sustentabilidade ambiental.

Eduardo Villarreal - CVI

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Surf na Pororoca: o esporte radical domando a força da natureza


Começou hoje (23), o 12º Campeonato Brasileiro de Surf na Pororoca, onde oito surfistas estarão disputando o título de surfar a maior onda de pororoca do mundo.

Em sua origem tupi, essa palavra quer dizer algo como "causar um grande estrondo". Ela foi adotada para se referir a um dos mais impressionantes fenômenos da natureza - que ocorre quando o mar invade um rio, na forma de uma grande onda que se choca contra a corrente fluvial. Essa onda pode atingir até 4 metros de altura e durar até uma hora e meia, avançando 50 quilômetros rio adentro. A pororoca só ocorre em regiões de grandes marés, como a foz dos rios Sena, na França (onde é conhecida como mascaret), e Ganges, na Índia (chamada de bore) - mas é muito mais intensa no litoral norte do Brasil. Essa região é especialmente propícia para o fenômeno. Primeiro, por receber as águas do rio Amazonas, que, a cada minuto, lança 12 bilhões de litros no Atlântico. Segundo, por registrar as maiores marés do país - o nível do mar chega a subir até 7 metros.

Para completar, os fortes ventos alísios sopram do leste, fazendo com que a maré entre bem de frente no estuário dos rios. As pororocas mais violentas acontecem nos períodos de lua cheia ou nova, nos meses de março e abril. Essa é a época de cheia no Amazonas - e também quando a influência gravitacional do Sol e da Lua sobre as marés atinge seu ponto máximo. Aí, ocorrem as elevações do mar que provocam a onda. Na guerra do mar contra o rio, a maré cheia forma uma única onda devastadora e irrompe terra adentro.

Entenda mais:

  • Na maré alta, a 30 quilômetros da costa, uma sequência de ondas se forma em direção ao estuário dos rios. No norte do país, as marés são grandes: o nível do mar pode se elevar até 7 metros. É o nascimento da onda de maré: a pororoca;
  • No leito da maioria dos rios, o caminho da pororoca se afunila e fica mais raso. Resultado: a onda cresce, alcançando até 4 metros de altura. Nesse ponto, sua força é tamanha que ela chega a inverter a direção da correnteza do rio;
  • A onda devastadora é produto da colisão da água do mar com a massa de água doce que vem na direção contrária. Por cerca de uma hora e meia, o mar vence a disputa - e a pororoca segue continente adentro com uma velocidade de cerca de 30 km/h;
  • Nas pororocas mais fortes, o mar avança até 50 quilômetros rio adentro. Depois disso, a correnteza retoma sua direção habitual. Mas, após um intervalo de 12 horas, na maré alta seguinte, a briga do rio com o mar torna a acontecer...

FORÇA DESTRUIDORA
As pororocas mais violentas não poupam as margens dos rios. Nas áreas mais altas, provocam erosão do solo. Nas planícies alagáveis, o terreno fica submerso. Pela ação da onda, o leito do rio fica mais largo a cada ano.

SAI DA FRENTE!
"Na pororoca, as árvores são arrancadas como se fossem palitos", afirmou o célebre oceanógrafo francês Jacques Cousteau. Quando passa, a onda arrasta tudo o que encontra pela frente: de animais e plantas a qualquer barqueiro desavisado. A água do rio fica barrenta e suja.

AVENTURA RADICAL
Todo ano, são organizados campeonatos de surfe em plena pororoca. Em 2001, o cearense Marcelo Bibita bateu um recorde mundial na onda do rio Araguari: ficou 19 minutos e 14 segundos surfando sem parar. A façanha ganhou as páginas do Guinness Book brasileiro.

SABEDORIA POPULAR
Na Amazônia, toda forma de vida tem de obedecer ao ritmo das águas. É por isso que, acostumados às cheias e às ondas de maré, os ribeirinhos constroem suas casas sobre palafitas - e ninguém se atreve a sair ou a navegar quando passa a pororoca.

Recorde planetário
O litoral norte do Brasil - do Cabo Orange, no Amapá, à divisa do Pará com o Maranhão - é palco das maiores marés do planeta. Em março e abril, nas luas cheia e nova, ocorrem as mais poderosas pororocas.

Água em degraus
A impressionante escalada das marés - A pororoca acontece na entrada da maré alta, a cada 12 horas (1). Quando a onda passa, o nível de água do rio pode subir até 4 metros de uma só vez (2). Depois, ele se eleva gradualmente até 7 metros (3). Na maré baixa, o rio volta ao nível normal.

MundoEstranho

Entrevista com Leonardo Boff: “Precisamos aliar a justiça social com a ecológica”


Em entrevista ao blog Floresta do Meio do Mundo, o teólogo, escritor e professor Leonardo Boff afirmou que a sustentabilidade real supõe um outro paradigma de relação para com a natureza. “A prosseguir esta voracidade, vamos ao encontro de um colapso”, alertou o pensador, que é um dos redatores da Carta da Terra.

Sobre a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), Boff destacou que “não espera nada” dos chefes de Estado. Na opinião dele, as discussões mais importantes serão promovidas na Cúpula dos Povos, evento paralelo à conferência marcada para junho, no Rio de Janeiro.

Recentemente, Leonardo Boff lançou o livro Sustentabilidade: o que é o que não é (Editora Vozes), no qual expõe o que pensa sobre o tema, além de analisar as visões deturpadas de governos, empresas e demais organizações que tornaram o desenvolvimento sustentável como mais um objeto do senso comum, de acordo com seus interesses. O autor também faz um histórico do conceito desde o Século 16 até os dias atuais, submetendo a uma rigorosa crítica os vários modelos existentes acerca do assunto.

FLORESTA DO MEIO DO MUNDO: O título do seu mais novo trabalho, Sustentabilidade: o que é e o que não é, sugere que muitas pessoas e organizações deturpam o verdadeiro conceito de desenvolvimento sustentável. De que forma o senhor entende a sustentabilidade?

LEONARDO BOFF: A sustentabilidade real supõe um outro paradigma de relação para com a natureza. Hoje predomina ainda a relação meramente utilitarista, como se ela apenas existisse para atender às nossas necessidades. Esquecemos que nós somos parte da natureza e que ela não é composta apenas pelos seres humanos. Todos os seres são interdependentes e formam a comunidade de vida. A rede, que desta conectitividade se deriva, é responsável pelo equilíbrio da vida e do planeta. A sustentabilidade só ocorre quando garantimos esse equilíbrio de forma que nossas demandas e aquelas dos demais seres vivos sejam atendidas, os bens e serviços naturais possam ser mantidos e até enriquecidos e ainda entreguemos às gerações futuras um planeta habitável. Nesse sentido, quase nada do que fazemos em nossa atual sociedade é sustentável, pois implica sempre estresse da natureza e dificulta que ela se regenere.

FLORESTA DO MEIO DO MUNDO: O senhor concorda que o meio ambiente tem sido comumente tratado como algo secundário e periférico?

LEONARDO BOFF: Para as empresas e para os grandes projetos, os custos ambientais, a poluição do ar, a contaminação das águas e outros danos à natureza são considerados externalidades – vale dizer, não entram na contabilidade dos negócios. Hoje, o nível de degradação geral do sistema-vida e do sistema-Terra é de tal ordem que pode impossibilitar a reprodução dos negócios e, no limite, pôr em risco a própria existência humana. A maioria das pessoas, especialmente os empresários e gente de governo, é de analfabetos ecológicos.

FLORESTA DO MEIO DO MUNDO: Como assim?

LEONARDO BOFF: Eles vivem na ilusão de que a Terra é uma espécie de baú inesgotável. Porém, já tocamos nos limites dela. A Terra precisa de um ano e meio para repor o que tiramos para o nosso consumo de um ano. A prosseguir esta voracidade, vamos ao encontro de um colapso. A Terra é um superorganismo vivo, Gaia, que se autoregula. Ao contrário, começam fenômenos extremos que estamos assistindo pelo mundo afora, grandes estiagens de um lado e severos invernos de outro ou verdadeiros tsunamis de enchentes devastadoras.

FLORESTA DO MEIO DO MUNDO: No artigo Sustentabilidade: tentativa de definição, o senhor defende que a sustentabilidade precisa ser ampla e integradora, sob o risco de não passar de pura retórica sem consequências. Onde nós podemos identificar exemplos de que estão tratando a sustentabilidade dessa forma deturpada?

LEONARDO BOFF: Praticamente grande parte daquilo que vem apresentado como sustentável não o é. Não basta apresentar um produto sustentável apenas na fase final do ciclo de vida. Geralmente o processo de extração, produção, consumo e descarte são insustentáveis. O etanol, por exemplo, é limpo apenas na hora do abastecimento. O processo de produção, que exige pesticidas, transporte que queima energia fóssil, os rejeitos não aproveitados e a contaminação das águas revelam que é altamente poluente. As empresas se entendem sustentáveis porque conseguem se manter no mercado e resistir à concorrência, mas não computam os estragos que fazem na natureza para produzir seus produtos, os salários baixos que pagam aos funcionários (ecologia social) e a forma como tratam os dejetos.

FLORESTA DO MEIO DO MUNDO: E o que o senhor sugere?

LEONARDO BOFF: Mudar a forma de produção, respeitando os ciclos da natureza. Buscar uma economia não de acumulação, mas sim de uma produção suficiente e decente para todos. Esta exigência supõe um outro paradigma de civilização, uma forma diferente de habitar o planeta, não estando em cima dele dominando-o, mas ao pé dele, convivendo. Ou fazemos tal mudança ou então iremos irrefragavelmente ao encontro do pior, de uma situação sem retorno. A questão é de vida ou de morte para a espécie humana.

FLORESTA DO MEIO DO MUNDO: Estamos a cerca de dois meses da Rio+20. De que forma o senhor vê a realização desta conferência 20 anos após a Rio 92? Existem avanços e regressos que mereçam ser destacados nesse intervalo de duas décadas?

LEONARDO BOFF: No que diz respeito aos chefes de Estado eu não espero nada. Os países centrais estão em profunda crise econômico-financeira e então protelarão as decisões, como as que já foram anunciadas em Cancún (COP-16) para 2020. Ocorre que a situação global pode se deteriorar de tal forma, especialmente se ocorrer o temido aquecimento abrupto anunciado por inteiras comunidades científicas, como a norte-americana, segundo a qual a temperatura da Terra, nos próximos decênios, poderá se elevar quatro graus Celsius. Se isso ocorrer, advertem, grande parte da vida como a que conhecemos não vai subsistir e porções imensas da humanidade poderão desaparecer.O  importante será a Cúpula dos Povos e o encontro dos movimentos sociais mundiais que ocorrem paralelamente ao evento oficial, pois aí se farão as verdadeiras discussões e serão apresentadas experiências bem-sucedidas, que mostram que o mundo pode ser diferente. De todos os modos, haverá um crescimento notável da consciência de nossa responsabilidade pelo futuro comum, da espécie humana e da natureza.

FLORESTA DO MEIO DO MUNDO: Há quem defenda que a Rio+20 deva privilegiar o aspecto ambiental, sob pena de perder o foco nas discussões. Outra corrente, defendida pelo próprio governo brasileiro, prega que os fatores econômicos e, sobretudo, sociais, também precisam ser abordados com grande ênfase. Qual é a sua opinião?

LEONARDO BOFF: Precisamos superar o reducionismo que ocorreu na discussão de assuntos ecológicos. Existe também a ecologia social, quer dizer, as formas como as sociedades se relacionam com a natureza e garantem o acesso aos bens e serviços necessários à nossa vida e dos demais seres vivos. Aqui vivemos tempos de barbárie. Pois está ocorrendo uma corrida desenfreada para pôr preço em tudo, especialmente, nos commons, bens comuns como água, sementes, alimentos, ar puro, energia, educação, saúde, fibras e outros, privatizando-os. A vida e o que pertence diretamente a ela não podem virar mercadoria e estar à mercê da especulação. Hoje ocorre uma acumulação de riqueza em poucas mãos como nunca houve antes na história. Praticamente não existem países ricos, mas grandes corporações riquíssimas que detêm mais renda que países inteiros. Três grandes multinacionais detém mais ingressos que 46 países onde vivem 600 milhões de pessoas. Essa questão da justiça social combinada com a justiça ecológica tem que ser posta, como o faz inteligentemente Ladislau Dowbor e Ignacy Sachs.

FLORESTA DO MEIO DO MUNDO: Como funcionam as ecologias mental e integral?

LEONARDO BOFF: A ecologia mental é o tipo de visão de mundo, de valores e princípios que regem nossas práticas. Os conteúdos são antropocêntricos, utilitaristas, individualistas, materialistas, muito pouco cooperativos e altamente competitivos. Com esses valores, dificilmente se construirá uma sociedade com rosto humano. Por fim, há uma ecologia integral que percebe a Terra como parte de um vasto universo em evolução e que estamos sustentados pelas energias que ordenam o universo e nossas vidas. Tomar isso em conta faz com que nos sintamos parte de um todo maior. Desenvolvemos o sentimento de reverência e de respeito, fundamentais para uma relação não agressiva para com a natureza. Esta visão mais abrangente está praticamente ausente nas discussões, o que mostra como nos falta a consciência necessária para equacionar os problemas globais da Terra e da humanidade.

FLORESTA DO MEIO DO MUNDO: O senhor já escreveu que o “mundo vive uma crise de ética” e que precisamos “reinventar um novo modo de estar no mundo”. O que sugere para evitarmos as tragédias ambientais e humanitárias?

LEONARDO BOFF: Ninguém possui uma fórmula salvadora. Ela deverá nascer das experiências positivas dos povos e das muitas tradições culturais da humanidade. O que podemos sempre fazer é começar conosco mesmo. Se não podemos mudar o mundo todo, podemos, no entanto, mudar este pedaço de mundo que sou eu mesmo. O que eu fizer corretamente não fica restrito a mim.

FLORESTA DO MEIO DO MUNDO: Qual é a sua opinião sobre a postura do governo brasileiro em relação ao desenvolvimento sustentável?

LEONARDO BOFF: Vejo que o governo brasileiro não toma suficientemente a sério a questão ecológica mundial. Não há consciência de nossa importância. Persegue-se um sonho já envelhecido e refutado pela prática de um crescimento sem limites, implicando a devastação de nossas florestas e a contaminação de nossas águas e a destruição de nossa imensa biodiversidade. É lamentável constatar esse fato. A Terra pode continuar sem o Brasil e sem nós. Mas nós não podemos continuar sem a Terra.

EcoD
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