sexta-feira, 16 de março de 2012

Algodão orgânico: bom para o meio ambiente

O algodão orgânico é aquele produzido sem o uso de produtos químicos sintéticos, tais como agrotóxicos, adubos químicos ou outros insumos prejudiciais à saúde humana, animal e ao meio ambiente. Esse algodão também pode ser livre de organismos geneticamente modificados e seguir a princípios da responsabilidade social.

A cultura do algodão orgânico ainda busca promover e melhorar a biodiversidade e os ciclos biológicos dos locais onde ele é produzido, mantendo e recuperando a fertilidade e a vida dos solos e a diversidade de seres vivos.

E tanta preocupação não é à toa. A cultura do algodão tradicional ocupa uma área de 80 milhões de hectares em todo o mundo e usa 25% dos inseticidas consumidos mundialmente. Essa quantidade elevada de produtos químicos acaba poluindo o ar, o solo e os recursos hídricos, diminuindo a biodiversidade e abalando o equilíbrio do ecossistema local, além de causa alergia em alguns consumidores.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), uma vez colhido e beneficiado, o processamento têxtil do algodão requer o emprego de, pelo menos, oito mil substâncias químicas consideradas tóxicas ou extremamente tóxicas ao meio ambiente.

A contaminação por agrotóxicos utilizados no cultivo do algodão tradicional pode ocasionar doenças como leucemias, infertilidade masculina, arritmias cardíacas, cistite aguda, insuficiência renal aguda e neoplasia maligna do pâncreas (câncer). As poeiras químicas também podem causar rinites alérgicas, doenças pulmonares obstrutivas crônicas, bissinose, neoplasia maligna (câncer) da cavidade nasal e dos seios nasais.

Para reverter esse quadro, produtores da fibra deram início no final da década de 1980 ao novo modo de produção menos impactante para o planeta. Ao mesmo tempo, muitas indústrias têxteis modificam seus processos de fabricação, para reduzir a poluição que provocam.

Para isso, eles utilizam técnicas alternativas, com base no uso de estercos animais, rotação de culturas, adubação verde, compostagem e controle biológico de pragas e doenças. Esse modelo de cultivo pressupõe ainda a manutenção da estrutura e da profundidade do solo, sem alterar suas propriedades por meio do uso de produtos químicos e sintéticos.

A produção do algodão orgânico ainda pode adotar outras técnicas, tais como:
  • Plantio em nível, enleiramento de restos de culturas também em nível e, quando necessária, valetas de retenção;
  • Plantio do algodão nas primeiras chuvas, em consorcio com culturas alimentares;
  • Plantio de variedades precoces de algodão;
  • Catação e destruição dos botões florais caídos;
  • Controle biológico do curuquerê do algodoeiro através do Trichogramma sp;
  • Após a colheita, arranque e enleiramento em nível do algodão herbáceo ou poda do algodão arbóreo e enleiramento dos ramos em nível.

Como consequência, a produção orgânica traz benefícios para o homem e o meio ambiente:
  • Protege o solo e a qualidade das águas subterrâneas (eliminando contaminantes no escoamento superficial)
  • Reduz a ocorrência de insetos e faz o controle de doenças através da substituição do inseticida com a manipulação dos ecossistemas;
  • Prevenção em longo prazo de pragas através do plantio de habitat benéfico;
  • Conservação da biodiversidade;
  • Elimina o uso dos produtos químicos tóxicos usados na produção do algodão;
  • Produção biológica de culturas de rendimento, solos mais profundos, espessos e com maior teor de matéria orgânica, maior quantidade de polissacarídeos e menor módulo de ruptura, o que reduzir consideravelmente a erosão do solo;
  • Melhora a saúde e aumento da renda dos pequenos agricultores (agricultura familiar, comércio justo).

Mas nem tudo são benefícios. O cultivo do algodão orgânico também traz algumas desvantagens:
  • Reduz significativamente a produtividade (até 50%) nos primeiros anos;
  • Maiores variações nas características de fibra, principalmente na cor (deságios);
  • Dificuldades na desfolha, aumento do trash;
  • Dificuldades no controle de ervas daninhas.


Algodão orgânico colorido

Outra fase fundamental para determinar o impacto ambiental de um algodão é quando ele segue para a indústria têxtil para ser transformado em roupas, acessórios e diversos outros produtos. É nessa etapa que o material recebe uma alta dose de componentes químicos responsáveis pelo tingimento da fibra.

Uma alternativa capaz de evitar esse processo é o algodão colorido. Com tons que variam entre o verde, o marrom e o avermelhado, esse algodão já cresce naturalmente tingido, o que evita a etapa da coloração artificial.

Certificado

O certificado de propriedade orgânica é emitido por entidade de respaldo internacional na área e para recebê-lo é preciso seguir a uma série de critérios, dentre eles, deve-se garantir que naquela propriedade não foi utilizado nenhum insumo químico há pelo menos três anos do início da colheita que se pretende certificar.

(EcoD)

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