sábado, 24 de dezembro de 2011

Aula de hoje: ciclagem de nutrientes no Cerrado

A principal classe de solo da região do cerrado é o Latossolo, ocupando uma área de 933,870 km2, que corresponde a 46% da área total.
Devido à baixa atividade da fase mineral e condições químicas restritivas, desses solos, a matéria orgânica do solo desempenha função primordial em todos os processos edáficos, da agregação ao suprimento de nutrientes às plantas. A forma lábil da matéria orgânica (serapilheira e detritos) inicialmente é fonte de energia, carbono e nutrientes minerais para a fauna e microbiota do solo, e pode conter a maior parte da reserva de nutrientes disponíveis para as plantas. Adicionalmente, os produtos da decomposição, tanto os em estágio intermediário (açucares, polissacarídeos, aminoaçucares, etc.) quanto os em estágio avançados (substâncias húmicas) de decomposição, desempenham funções decisivas nos fenômenos de agregação, de tamponamento químico e nos fenômenos de adsorção e troca de íons do solo. Entretanto, uma das maiores dificuldades em regiões tropicais, inclusive no cerrado, é a manutenção do conteúdo de carbono orgânico, o que compromete o uso sustentável das terras.
Em ambiente de cerrado, onde, de maneira geral, os solos são ácidos, com elevada saturação por alumínio e baixa reserva de nutrientes, o retorno desses por meio da serapilheira, decomposta por microrganismos do solo que liberam os nutrientes a taxas que os tornam passíveis de serem reaproveitados pelas espécies florestais, sem riscos de serem perdidos por lixiviação e/ou erosão, assume um importante papel.
A conservação da matéria orgânica é um dos aspectos mais importantes na manutenção da capacidade produtiva dos solos, especialmente em regiões de cerrado. Entre os principais benefícios trazidos pela manutenção da matéria orgânica estão a maior disponibilidade de nutrientes e a melhoria das propriedades físicas e biológicas do solo.
O padrão anual de produção de serapilheira no cerrado é bastante diversificado, sendo comuns locais onde ocorre produção de material durante todo o ano, alternando períodos de maior ou menor intensidade, devido a fatores ambientais e genéticos. O material de origem que forma a serapilheira é uma mistura de diversas partes da estrutura das plantas que vão se acumulando sobre o solo, normalmente com maior intensidade durante o outono ou durante os períodos mais secos.
Uma maneira de se minimizar o impacto causado pelas plantações homogêneas sobre a fertilidade do solo na região de cerrado seria por meio da adoção de práticas de manejo que permitam uma utilização mais eficiente de nutrientes presentes no solo. Dentre elas, pode-se citar: o uso de espécies melhoradas, mais eficientes no uso dos nutrientes e adaptadas para cada área; a aplicação de fertilizantes nas fases iniciais de crescimento; desbastes periódicos dos ramos que não apresentam valor comercial, diminuindo a quantidade de nutrientes imobilizada na vegetação; a manutenção de todo material vegetal sobre o solo; adotar rotações mais longas, que permitam um maior equilíbrio entre a quantidade de nutrientes que entram no sistema pela precipitação e a quantidade que será exportada pela colheita.

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